A odisséia rumo à terra do Povo da Queixada

Texto: Andrea Zilio
Fotos: Marcos Vicentti

Para conhecer o povo Yawanawá em seu habitat, é necessário enfrentar uma verdadeira odisséia: vencer o cansaço físico e estar aberto a um conceito de vida que foge aos modelos convencionais, para que se conheça, entenda e respeite a origem, história e propósito de vida dessa gente.
Na época de estiagem, o rio é raso demais para utilizar o motor.  No período de chuvas, a estrada vira um lamaçal, impossibilitando o tráfego dos veículos.  Atualmente, a dificuldade maior é exatamente na BR-364 - o percurso inicial após a saída de Tarauacá rumo ao rio Gregório: cerca de duas horas e meia de carro e três de caminhada.
A aventura continua com a viagem de barco no rio.  O trajeto se torna perigoso devido aos troncos e galhos de árvores caídos nas águas.  O percurso dura em média de 8 a 10 horas, o que exige do comandante do barco um bom conhecimento do lugar a percorrer.  São cerca de dois dias de uma aventura, com rápidas paradas, que revelam aos poucos as características dos Yawanawá.
Com a nova área que amplia a terra - uma das primeiras demarcadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em 1984 -, um posto no lugar denominado Matrixã, liderado por Panãihu Yawanawá, onde moram mais 23 índios, é uma das tentativas de seu povo de impedir a entrada de caçadores e outros intrusos.  É ali o primeiro contato com os índios da região.
O novo mapa da terra dos Yawanawá coloca no território as nascentes de rios acreanos como o Gregório, o Riozinho da Liberdade, o Bajé, o Tejo, o Primavera e muitos igarapés de grande importância para a preservação de toda a bacia hidrográfica da região.
No posto, a cordialidade da etnia é notável.  Cordialidade essa que a professora Leda Matilde Yawatumã chama de aliança com os brancos.  Entre os seus 34 alunos estão os ribeirinhos que moram dentro da terra indígena, pessoas que o povo da Queixada considera amigas.  Todos compartilham da escola que proporciona educação em uma das localidades mais isoladas do Estado.  Mas os brancos estão em processo de remoção do lugar.




Mulheres participam da caçada ao porcos do mato


Alguns se armaram com espingardas, terçados e pedaços de pau seguindo para a mata, outros cercaram a entrada para a aldeia e a maioria das mulheres desceu ao rio.  Tiros deixaram os animais frente a frente com os índios que estavam à sua espera


O preparo do vinho do açai





Guerreiros mirins apredem cedo a arte da caçada


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