"A fotografia significa um caminho de auto-conhecimento, uma poderosa arma de encontrar o mundo, de refletir e interpretar a tormentosa caminhada dos homens. Eu e a fotografia: farinha do mesmo saco.

Não consigo me imaginar sem a Nikon e a Leica na mão, sem as águas claras e correntes, sem as matas, onde o tempo só existe em relação à eternidade, sem estes rostos anônimos dos ermos, desses horizontes improváveis da Terra Brasil. Fotografia é serva da beleza, oxigênio puro."

Araquém queria ser jornalista, quem sabe escritor...

"Uma noite, no primeiro ano da faculdade, fui ver um filme japonês em que as pessoas não falavam, só o som da água, do remo, da enxada na terra, da trovoada, da chuva... Era A ILHA NUA, de Kaneto Shindo, um clássico maravilhoso. Aos poucos fui sendo tomado. Saí da sessão maldita, organizada pelo grande Maurice Legeard, literalmente abalroado, a imagem pura, síntese do dizer. Estava totalmente incomodado, mas havia algo novo dentro de mim. No dia seguinte pedi uma câmera fotográfica emprestada a uma amiga (Marinilda Dias da Silva) e saí pelo cais e pela 'boca' de Santos, clicando obsessivamente. Daí então, não parei mais."

"Fotografia é, sobretudo, percepção e o conhecimento da luz só vem depois de muito castigar os olhos, depois de muito andar. A faculdade ou o conhecimento teórico deve servir apenas para abreviar o caminho, para solucionar os segredos básicos, depois é aprender a ver, a escolher, a sintetizar. O exercício criativo é contínuo e sem fim, a verdade nova nega a anterior. As portas da percepção têm que estar constantemente abertas. O aprendiz que quer dizer alguma coisa nova tem que escolher o caminho com o coração, absolutamente íntegro e contemplar como pessoa inteira tudo o que é vivo. O exercício constante do ato de ver lhe dará, um dia, o encontro com a beleza. E a beleza é a verdade, já dizia o poeta..."

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